50 Anos de existência

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CONTRA A CRISE .... MARCHAR.... MARCHAR !

Contra a crise... MARCHAR....MARCHAR !
Ainda existem obras e clientes que resistem como uns “valentões” á crise que grassa o nosso País.
Pelo amor e paixão aos livros, são eles que nos ajudam a sobreviver a estes “tumultos” económicos, que minam e acabam com qualquer artesão, sobrevivente a muito custo das lufadas de oxigénio que aparecem esporadicamente.
Mas não desistimos, e prometemos “velhinhos” estar com todos aqueles que ainda nos procuram. Queremos ser testemunhas das obras que completam a estante e bibliotecas espalhadas um pouco por todo o Portugal.
Contra a crise, vamos sobrevivendo por todos!
Carlos Simões

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

História de vida - Florindo Simões

Na edição de hoje do Jornal de Leiria:

Uma vida a encadernar livros

Tem 78 anos, mais de 60 dos quais dedicados à arte
de encadernar livros. Florindo Simões é um dos
últimos encadernadores de Leiria e, apesar de
reformado, continua a ir todos os dias para a oficina
onde trabalha com o cunhado. Gosta do ambiente, do
contacto com os clientes, do cheiro dos materiais.
Garante nunca se ter cansado da actividade. “Gosto
muito desta profissão e tenho pena que um dia acabe.
Não há quem queria aprender, é uma pena”, lamenta.
Natural dos Pousos, Florindo Simões começou a
aprender o ofício de encadernador aos 13 anos, na
então tipografia Mendes Barata, na Praça Rodrigues
Lobo. “Lembro-me perfeitamente que o mestre era
um senhor chamado José Moreira Ferreira, que mais
tarde foi para a prisão escola”, diz. Na Mendes Barata
não havia a figura do encarregado, mas Florindo
Simões, então com cerca de 19 anos, foi chamado a
exercer essas funções. “Sabia a arte de encadernar,
mas não sabia dourar. O patrão pôs-me a aprender”,
conta. Assim que soube, passou a encadernador
dourador, com a tarefa de ensinar os mais novos.
A juventude decorreu entre os materiais de
encadernação e as brincadeiras com os irmãos e os
amigos. “Íamos ao cinema e pescávamos no rio, com
cana. Havia muito peixe e o rio era limpinho”.
Também iam à praia da Vieira, de bicicleta. Ainda tem
uma, mas já não anda nela. Praticou basquetebol e
hóquei em patins no Ateneu, mas “caía muitas vezes”
e acabou por desistir.
Foi em tempos sócio do União de Leiria, mas hoje
assume-se como “benfiquista ferrenho”. Admite
mesmo ser “doente da bola”, na medida em que vive
“com intensidade” este desporto. “Gosto que o meu
clube ganhe”, resume.
Com cerca de 24 anos, e já casado, resolveu
estabelecer-se por conta própria. Durante anos, o
Diário da República foi “o suporte” da oficina Florindo
e Costa. Pelas mãos do encadernador passaram
muitos livros preciosos, restaurados com mestria e
paciência. Com o advento do digital “perdeu-se um
bocado do serviço”. Florindo Simões recorda ainda a
pasta feita na sua oficina para entregar a João Paulo II
aquando da primeira visita deste Papa a Fátima, nos
anos 80.
Quando não está na oficina, Florindo Simões está no
quintal, a cultivar a terra. Fica satisfeito quando as
pessoas que passam lhe elogiam “o jardim”. É aqui
que passa o tempo livre, a fazer a sua agricultura, de
que gosta “bastante”. Cultiva para si e para os filhos.
“Quando há abundância dou, em vez de se estragar”.
Florindo Simões gosta de ir à praia, de passear. Ainda
não perdeu a esperança de ir a Angola, visitar um filho
que lá tem. “Há coisa de dois anos”, quando
comemorou as bodas de ouro, foi isso que pediu à
equipa de um programa de televisão que passou pela
Praça Rodrigues Lobo. “Mais tarde apareceu-me lá na
oficina uma menina da equipa com a notícia de que
não me dariam a viagem a Angola, mas um cruzeiro
de quatro dias no Mediterrâneo”. Foi com a mulher.
“Espectacular. Foi a melhor viagem da minha vida”.

Começou a aprender o ofício
de encadernador aos
13 anos, a ganhar
13 escudos por semana

quinta-feira, 26 de julho de 2012

QUATRO CANTOS DO MUNDO

São inúmeras as visitas ao nosso BLOG, desde os Estados Unidos, Brasil, Canadá, Espanha, Alemanha, Angola, França, Israel etc. Tivemos recentemente estreias de países como a Rússia e Indonésia.
Pretendemos que cada visitante deixe o seu comentário no BLOG para o nosso registo histórico.
Agradecendo atempadamente a colaboração nesta iniciativa
Carlos Simões

terça-feira, 24 de julho de 2012

As minhas saudades

Hoje pensei como na minha última visita a Portugal em Junho, consegui ficar maravilhado com as obras que o meu pai e tio trabalhavam. Obras dos finais do Século XIX para restauro, as lombadas e os cantos em pele e as coberturas totais em pele ou sintético. A costura, o aperto nas prensas, as capas em cartão, fiquei deslumbrado como as sentisse pela primeira vez. Será as saudades ? Vieram-me as lágrimas aos olhos, também eu passei por aqueles bancos em madeira, no alinhar dos cadernos para a costura final. Passei por ali longas horas. E o retirar dos agrafos dos “Diários da República” e a sua preparação a esquadro, que saudades !
Depois aquelas visitas dos nossos clientes, as conversas que se mantinham e se colocavam em dia, e os inúmeros amigos que por ali passam, tudo é inolvidável. E aquele rádio que nos acompanhava dia-a-dia, do interior da música portuguesa, ao rezar do terço do final do dia. São estes os momentos que se passam nesta pequena oficina, onde tudo é maravilhoso. Saudades !

Carlos Simões

quarta-feira, 13 de junho de 2012

RETRATO

Retrato empoeirado numa capa oscilante / figuras entrelaçadas e esvoaçantes / mãos trémulas desfolhando / página a página por capítulos / saliência perceptível envolvida em mistério / final de capítulo / segmentos captados pelos sentidos / no capítulo seguinte /  retrato suavizado que brilha / cintila e se espalha no seu fim/.
Carlos Simões