50 Anos de existência

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

BOAS FESTAS

A Encadernação FLORINDO & COSTA deseja-vos um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO,  com votos calorosos de muita alegria, paz e saúde. Agradece-se toda a vossa colaboração e disponibilidade para com a nossa arte, e ansiamos que 2012 seja mais um ano de sucesso para todos.

Bem hajam !

http://encadernacao-leiria.blogspot.com/

Florindo Simões
Armando Costa
Carlos Simões

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A injustiça coroada

Lembro-me das histórias do meu pai, o Mestre Florindo, explicava e contava a dificuldade de impor e mostrar o seu trabalho, quando no ano de 1961 abriu a oficina de encadernação na companhia do meu tio Armando, eles que tinham saído das mais emblemáticas tipografias do nosso Portugal, a Tipografia Mendes Barata. O seu trabalho já era reconhecido, mas trabalhar de forma independente era bem mais difícil. Sabiam que podia existir, como na gíria se diz, "alguma dor de cotovelo". Mas foi com o trabalho e com a apresentação das suas obras, que lutando diariamente com as mais variadas injustiças, atingiram hoje um patamar somente alcançável para os mais predestinados. São hoje uma referência a nível Mundial através do reconhecimento do seu trabalho, da sua arte, e até na Malásia perguntam como é este trabalho que apaixona tanta gente. Também no País que me encontro, e que adoro e amo, a bonita capital de Angola, Luanda, são muitos os que me perguntam como é essa arte tão bela, enriquecedora no meio artístico e cultural. Dos mais variados quadrantes deste mundo cultural artístico e belo, é esta uma arte que nos apaixona a todos. Tive a possibilidade de distribuir alguns exemplares vossos, que encheram de beleza algumas bibliotecas, desta capital da cultura mais bela do mundo! Hoje estou a passar pela vossa primeira fase, mas sei que aprendi convosco que com muito trabalho e dedicação somos sempre contemplados. É a injustiça coroada que sempre aparece para quem trabalha com amor e  muita qualidade ! Bem hajam, Mestres do meu coração, e de muitos deste mundo que vos reconhece!

Carlos Simões

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A página da criança

Página a página....capítulo a capítulo...o recheio das obras que nos invadem. Prefácio pomposo da arte, cineasta de eleição da virtude, sinopse musical, é esta a diversão que nos permite o esplendor. Recolhemos a criança que nos chega, curamos as suas feridas, e ela sorri de novo. Realmente é o que se passa com qualquer obra que pernoita nas nossas oficinas. Aconchegada no seu berço, no cântico luminoso dos materiais, ela anseia pelo seu novo visual. Escolhemos a sua roupa interior, e avançamos para o uniforme que a irá acompanhar por muitos anos. Será de punhos dourados ou prateados? De cantos com sapatos de pele, ou de papel de fantasia, que se transforma em lâ? Com linha branca,  de costura universal de anel e dedal? Nada mais se transforma com tanta sumptuosidade que aquela criança aos olhos do seu autor. Bonita de se ver, lá vai ela caminhando para o seu castelo bibliotecário, onde será vedeta dos olhares do mundo. Bonita ela vai desfilando!

Carlos Simões                          
    

Homenagem ao FADO

Lembro-me que na nossa oficina existia um transistor onde de fundo se ouvia Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues ou Maria da Fé. Muitas das vezes o martelo na prensa interrompia a melodia celestial que invadia o nosso espaço. As vozes misturavam-se, era sublime o resultado final. Muitos dos livros existentes em Bibliotecas dos mais distintos lugares de Portugal, foram encadernados ao som refinado do fado, aquela história de vida, e acredito que ficaram mais brilhantes nesse testemunho perpétuo. Na onda média da Rádio Comercial, essas vozes, as mesmas vozes que ilustram a cultura da humanidade, eram idolatradas pelo mais simples português. De pessoas simples se fez arte, de pessoas simples se fez fado, de pessoas simples se fez Portugal !

Viva o FADO ! Já dizia o nosso saudoso Vasco Santana.

Património imaterial da Humanidade !

Carlos Simões

domingo, 27 de novembro de 2011

O ritual artístico

No pequeno fogareiro prepara-se o ritual artístico do dourar o livro, que espera o ferro com os tipos delineados, numa transformação da lombada que se perpetuará por largos anos e gerações. esta lombada leva um pequeno banho de clara de ovo, e é colocada a secar um pouco. O mestre leva o ferro a aquecer e prepara  pequena película de ouro. O livro é levado para um pequeno balancé, onde é apertado para ser cravado com o ferro quente por cima do ouro que dará brilho a uma pele trabalhada. Que transfiguração, esta relíquia ganha os traços destes mestres. Este é o brilho da arte no seu esplendor!

Carlos Simões

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pincelando...eternizando!

Preparam-se os produtos para a pintura da pele que irá revestir as capas de cartão. Fomos à mercearia do lado adquirir 4 ovos. As claras de ovo são peças importantes na primeira abordagem à pele, a qual leva um primeiro banho, ficando mais maleável. Depois preparamos a soda cáustica diluída em água. Está preparado o toque do mestre, que pincelando como um verdadeiro artista de arte, vai dar cor à bonita pele natural das fábricas de curtumes de Alcanena.
O luxo está bem patente naquele pedaço original, pintura que se eternizará para toda a vida. Pincelando...eternizando!

Carlos Simões

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As linhas .... aquelas linhas !

As linhas percorrem cada fascículo, num ziguezaguear constante, entrelaçando os 2 fios que servem de suporte à capa e contra-capa. Na arte da costura, o remate final é muito importante, quando se dão aquelas 4 a 5 voltas por entre os primeiros fascículos cozidos. Esta é a primeira "linha" da capacidade de resistência para as mãos que vão folhear a obra.
Aquele cartão cinzento espera ser furado para envolver o fio que o suporta, depois aquele desfiar com o "furador" de encadernação, rematado com a massa de farinha, aquela cola feita em fogareiro e mexida até ficar uma pasta uniforme. A "dobradeira" de marfim é o utensílio que faz o remate final, vincando o fio no cartão.
São as linhas que permitem desenhar a primeira parte da verdadeira obra de arte...aquelas linhas!

Carlos Simões