50 Anos de existência

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Diário de Leiria - Edição de 20/10/2010

FLORINDO Moreira Simões aprendeu a arte de encadernação na Tipografia-Encadernação Mendes Barata [em Leiria]. Logo após ter feito a quarta classe primária, entrou para lá tinha 13 anos, e davam-lhe um vencimento semanal de 13 escudos. Ali se manteve bastante tempo, frequentando, ao mesmo tempo, a Escola Comercial e Industrial Domingos Sequeira, à noite. Armando Costa aprendeu a arte na oficina de encadernação de José Moreira Ferreira e, por motivo de o patrão ter ido para mestre da Prisão Escola, foi também para o Mendes Barata. Dali, como são cunhados e conterrâneos, dos Pousos, tornaram- se muitos amigos. Entretanto foi para a tropa e, quando saiu, combinaram estabelecer-se em sociedade e montaram uma oficina usando o nome Florindo & Costa, Lda., instalada num rés-do-chão da Rua António da Costa Santos. Tanto um como outro são muito simpáticos e atenciosos - esta a razão pela qual sou um dos seus clientes dedicados desde que iniciaram as actividades. Os seus trabalhos são de uma perfeição impecável. Tanto a Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (com 46 volumes), que adquiri através de fascículos, às Selecções do Reader's Digest, que sai mensalmente (desde o número um até agora, tenho-as encadernadas em volumes de seis revistas cada, e já vai em 106 volumes). E não só, muitos e muitos outros livros da minha vasta biblioteca foram lá encadernados. Infelizmente, esta profissão tende a acabar, o que é pena. Isto porquê? Porque os jovens de agora não têm o gosto dos livros, e quando alguns são adquiridos já trazem das editoras capas de boa qualidade; e não só: antigamente, o Governo publicava o Diário da República, que era enviado para os mais diversos departamentos do Estado, os quais depois os mandavam encadernar, o mesmo acontecendo com os gabinetes de advogados e outras entidades que têm de se manter actualizadas com a legislação nacional, mas agora, com a informação em suporte digital, até isso deixou de existir. Esta uma das razões pelas quais estes ofícios estão condenados à extinção. E termino aqui as minhas recordações destes artistas das décadas de 30/40.

Joaquim Vieira - Diário de Leiria - Fala o Leitor

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