50 Anos de existência

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vídeos e imagens - 29/10/2010

A seleção dos diferentes tipos de letras a utilizar na gravação, é um dos segredos do trabalho final. Será com o tipo de letra escolhido, e que a encadernação ganhará o brilho derradeiro de modo a ser apreciado pelos verdadeiros amantes da arte.
Após a fase da escolha dos tipos de letras, entramos na fase da gravação. Um pormenor em destaque será que o ferro deve estar quente após a colocação das letras. Mas a temperatura e definida pelo mestre, que vai detendo o momento ideal para a gravação.
Depois temos o momento final, em que o ferro é pressionado no livro sobre uma fita de ouro. Conseguimos ver no vídeo final o resultado após o trabalho efetuado.
Num outro vídeo verificamos a costura do livro manual, e por último a reportagem do semanário "SOL" - a arte a quatro mãos.

Carlos Simões


Carlos Simões

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O "Jornal de Leiria" na mala!

Episódio bastante curioso desenrolou-se hoje quando uma cliente da Figueira da Foz, na oficina do meu pai puxou da primeira página do "Jornal de Leiria", da reportagem efetuada, e confirmou pela fotografia se realmente eram os mesmos encadernadores.

Dois livros para restauro, dos seus avós, mas que não sabia onde os encadernar. Mas o seu marido, atento, adquiriu o "Jornal de Leiria" e colocou na sua mesa de cabeceira.
Ao acordar, a cliente verificou o recorte de jornal, era mesmo aquilo que necessitava. Dirigiu-se a Leiria, e parou no Centro Histórico da nossa cidade, pensando que a oficina dos meus pais fosse ali. Perguntou no local, mostrando o recorte de jornal, indicaram-lhe a morada correta, e parou logo numa nossa residente que lhe falou que tinha escutado também uma reportagem da Antena1. Curiosidades, mas os livrinhos adorados vão ser trabalhados pelos mestres!

Carlos Simões

Cartão para a capa

Cartão preparado para a capa do livro após efetuar o encaixe na prensa a martelo.


Encaixe da lombada do livro

Para efetuar o encaixe o livro é colocado na prensa, e depois martelado na lombada. Pode visualizar no vídeo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

DIÁRIO DE LEIRIA - EDIÇÃO DE 02/11/2010 - Artigo: "Recordações Vivas II - "Era esta a minha cidade! ..É esta a minha cidade!.."

 Edição do "Diário de Leiria" - 02/11/2010
 Rubrica: FALA O LEITOR
 
Pelos claustros da Câmara Municipal de Leiria eu passeava na companhia do meu avô, perguntava-lhe como era  viver em edifício mais belo, de toda uma beleza interior inconfundível, de jardins bem cuidados, tudo, mas tudo ao pormenor. Levava-me pela sua mão a caminhar pela Biblioteca Municipal, envolvia-me em tenra idade no mundo dos livros, descobri o poeta Acácio de Paiva " Minha terra velhinha! Assim te quero....", tomei conhecimento que Eça de Queiroz tinha sido administrador da cidade de Leiria em 1870, onde se instalou na Travessa da Tipografia 13, de Acácio Leitão, poeta de meados séc. XX, "Beira, saltitando montes,...", e fiquei a conhecer as duas nossas grandes referências, Afonso Lopes Vieira "Pinhal do Rei", em que soletrava assiduamente "Catedral verde e sussurrante.....Ai flores, ai flores do Pinhal florido, que vedes no mar?....", e o nosso também grande Francisco Rodrigues Lobo, poemas de amor "Coração, olha o que queres: Que mulheres, são mulheres....", tudo era esplendor, tudo era arte, enriquecidas as obras com o tratamento de mãos de mestres, e questionava o meu avô, seria tudo isto executado na oficina do meu pai, e como era a responsabilidade de tratar de peças tão valiosas? Como elas brilhavam nas estantes da antiga Biblioteca Municipal, existia paixão naquelas pessoas que por ali trabalhavam. Fiquei orgulhoso, e questionei o meu avô de novo, no sentido de explicar-me como um menino um pouco mais velho que eu, de apenas 13 anos, se tinha dedicado à beleza do livro. O meu avô dizia-me: "O teu pai sempre adorou a arte que hoje pratica, nasceu com isto, como de um cordão umbilical que o liga para toda a vida, sinto que no seu percurso pode ser um mestre, e que deixará o seu espólio para outros o apreciarem". Acreditei nas suas palavras, tal era o volume de encadernações que eu vislumbrava de estante em estante. Virei-me para o meu avô e agradeci o magnífico passeio, numa transposição perfeita para o mundo dos sonhos!
Era esta a minha cidade, era esta a arte que eu respirei até aos dias de hoje! É este espólio ou o legado único que se perpetuará de geração em geração! É esta a minha cidade!

Carlos Simões

Encadernações - 27/10/2010




Recordação de um grande homem - Tarcísio Trindade

Era uma criança no meio do mundo dos livros, tudo o que olhava vislumbrava letras, frases, histórias, romances, e senti como adorava permanecer por muitos anos nesta experiência fantástica.
Neste universo ancestral conheci um grande Homem, de aqueles que nos ficam gravados eternamente no nosso coração. Um cliente assíduo da oficina de encadernação do meu pai, um apaixonado pelo livro, de nome Tarcísio Trindade, alfarrabista, Presidente da Câmara de Alcobaça aquando do 25 de Abril. Elevada integridade e humildade, foi com ele que aprendi a adorar o pergaminho, livros que nos apaixonavam pela sua antiguidade, séculos XVII, XVII, XIX, como tudo era belo!
Eram unidades, dezenas, centenas os livros que o meu pai recuperava, de sábado a sábado, num trabalho constante de paixão, em apresentar um trabalho final que nos orgulhava a todos.
Falo em sábado, porque era neste dia precisamente, que o grande alfarrabista nos visitava. Era como fosse um nosso familiar, pessoa que ainda estimo e guardo recordação bem vivas.
É bom recordar, e logo uma figura de elevado gabarito!

Carlos Simões

terça-feira, 26 de outubro de 2010

DIÁRIO DE LEIRIA - EDIÇÃO DE 26/10/2010 - Artigo "Recordações em visita"

Quero agradecer ao "Diário de Leiria" o artigo de opinião, no espaço "Fala o leitor", relativamente a um Post do meu BLOG.
Este diário é uma certeza, uma  referência da nossa comunicação social, no Distrito Leiria e ainda em alguns círculos do Vale do Tejo, onde por interpostas pessoas o promovo.
É gratificante um diário preocupar-se e dar voz a todos os acontecimentos dignos de registo da nossa Leiria.
Parabéns e felicidades em ano do 23º aniversário!

Passo a publicar de novo o Post da edição:

RECORDAÇÕES EM VISITA

Visitei esta semana as instalações do Arquivo Distrital de Leiria e a Biblioteca Afonso Lopes Vieira, e como senti orgulho em visualizar encadernações efetuadas na oficina do meu pai. Tantas obras que passaram por inúmeras mãos, tantas obras que passaram pelos mais anónimos amantes do livro. Elas ali estão, intatas, submetidas ao tempo e desgaste. Mas as encadernações perfeitas em couro permitem-lhe uma durabilidade invulgar. reconheci encadernações de 20 anos, 30, 40. Que maravilha! Foi fantástico! Consigo descobrir uma por uma todas aquelas que passaram pelas mãos dos mestres que muito aprecio, todos os pormenores que somente eles sabem produzir. As lombadas completamente "boleadas", termo que utilizamos na encadernação, mas que significa torneadas, o papel pardo de fantasia, alguns dos livros com lombadas a lona e rótulos vermelhos e gravações a ouro perfeitas. A arte em exposição, pensava eu, recordando os longos anos que acompanho de perto o amor aos livros patenteado por esta encadernação, digna dos mais rasgados elogios.
A minha vida foi passada bem perto dos livros, e lembro em jovem as edições de "Tintin" para encadernação, agora reeditadas pela ASA, os fascículos da "Fauna", da "História de Portugal" de José Hermano Saraiva, a "História da Arte", num turbilhão de obras que apaixonam.
Vivi bem de perto os acontecimentos da Biblioteca Municipal na altura, no interior dos Paços do Concelho, em Leiria, o meu avô habitava nos seus claustros. Foi o funcionário mais antigo da Câmara Municipal de Leiria, e mostrava-me o que o meu pai fazia aos livros da nossa querida cidade, desde os "Diários da República" completamente encadernados, como as "Guias de Receita" que eram encadernadas com a particularidade de se serem pregadas e não cozidas. Ainda hoje existem essas encadernações. Faço votos que este património valioso, cinquentenário, ainda permaneça no estado em que estas encadernações merecem. Tantas recordações, tantas viagens, tantas emoções!
Como tudo era mais bonito encadernado, embelezando cada Departamento! Agora notamos mais o vazio dos gabinetes, onde a luz natural que estas encadernações emprestavam aos mesmos era única!

Carlos Simões

Diário de Leiria - Edição de 26/10/2010

Encadernação de verdadeiras relíquias

Visualize algumas das relíquias para encadernar e restaurar:
















segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pela paixão do livro e da sua arte!

Realmente esta encadernação ainda sobrevive, com a a ajuda da família, dos amigos, dos clientes apaixonados.
Mas hoje soube de uma noticia que fiquei triste. Na cidade de Coimbra já não existem encadernadores! Fomos contatados por um possível cliente de Coimbra, e a informação foi devastadora!
Falava hoje com o meu tio, e comentámos que este trabalho totalmente manual, pago à hora seria cobrado a preços elevados.
Será isto que nos afasta desta profissão esplendorosa? O trabalho não compensa para o tempo que se perde com uma encadernação?
Mas estes últimos mestres, e acredito que sim, trabalham já por paixão, deixando um espólio rico em encadernações pelos diferentes cantos do País.
Até o meu pai conseguir forças, esta encadernação está aberta! Pela paixão do livro e da sua arte!

Carlos Simões

A arte do restauro em vídeo - 25/10/2010

Encadernação "Diários da República" - Imagens - 25/10/2010




Encadernações - 25/10/2010 - Imagens
















A arte do Restauro! - Imagens - 25/10/2010